Aveiro Capital Arte Nova

03-11-2017 928 Visualizações Imaterial, Viagens, Experiências

Descobrir Aveiro é deixar-se levar pelas elegantes fachadas Arte Nova que definem as imagens da nossa cidade.

Se a Ria é a imagem de Aveiro desde tempos imemoriais, o conjunto de edificações de cariz Arte Nova que se dispersa por várias artérias da cidade é, sem dúvida, um dos seus valores patrimoniais que maior número de visitantes atrai. De tal forma isso é notório que Aveiro já consolidou o epíteto de Cidade Arte Nova, uma denominação que os próprios roteiros turísticos ajudam a transmitir. Serão talvez os particularismos que em Aveiro assumem as representações desse movimento artístico, numa expressão muito própria (pelos materiais envolvidos e pelas tipologias formais que se manifestam, essencialmente ao nível decorativo das fachadas), que lhe conferem toda a relevância e a grandiosidade dentro da Arte Nova em Portugal. No entanto, não deixou de beber das influências internacionais, face à grande recetividade do país ao que se produzia além-fronteiras e que os artistas locais souberam conjugar com as atividades e gostos tradicionais.

As correntes dominantes do gosto de então ecoavam pela voz dos emigrantes recém-chegados, os Brasileiros, tal como resultava das viagens que levavam os mais endinheirados até ao estrangeiro, nomeadamente a França, o símbolo máximo da elegância e da civilização. Além destes, a imprensa funcionava como janela para o mundo e espelhava o que se ia fazendo de novo pelas paragens longínquas. Francisco Silva Rocha, Ernesto Korrodi e Jaime Inácio dos Santos, reveladores de um franco conhecimento das correntes artísticas que dominavam nas grandes metrópoles, dão asas a essa modernidade nos seus esboços e projetos de arquitetura. Licínio Pinto e Francisco Pereira, bem como a Fábrica da Fonte Nova, onde os primeiros foram conceituados pintores, contribuem para a decoração com os seus inúmeros painéis, frisos e remates entre o azul característico da fábrica e a explosão de cores fortes que enchem fachadas como a da Antiga Cooperativa Agrícola ou da residência de Francisco Rebelo.

Mais do que todo o serpenteado e o curvilíneo que é a matriz da Arte Nova, expressa nos elementos formais dessa arquitectura e que lhe conferem dinamismo e riqueza, pressupondo um novo entendimento do espaço e dos materiais (o lavrar da pedra e o trabalhar da serralharia artística), é no azulejo que reside a grande expressividade da região de Aveiro.

 


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